Redenção
(Machine Gun Preacher)
Redenção
(Machine Gun Preacher)
📽️Filme: Redenção (Machine Gun Preacher)
🎬Diretor: Marc Forster
📆Ano de lançamento: 2011
✨Sinopse: Baseado em uma história real, o filme acompanha Sam Childers, um ex-criminoso americano que, após uma experiência de fé, transforma sua vida e parte para o Sudão do Sul, onde se depara com os horrores das milícias armadas e o uso de crianças-soldado.
Movido por um desejo inabalável de proteger os mais vulneráveis, ele passa a liderar uma missão armada de resgate — dividindo opiniões ao usar a violência como ferramenta de salvação.
É um retrato intenso de fé, culpa, redenção e das zonas cinzentas entre o bem e o mal.
🌍Local da história: Estados Unidos e Sudão do Sul.
Trailer oficial abaixo:
*Vídeo incorporado do YouTube, disponível publicamente. Os direitos da música e da interpretação pertencem aos respectivos autores e detentores legais. Este conteúdo é compartilhado com fins educativos e culturais, sem fins lucrativos, como parte do projeto Artigo Infinito.
Per Fabulas, Veritas
(na ficção, a verdade)...
...então é hora de entrar nas savanas sangrentas do Sudão
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Esta releitura jurídica foi realizada com base no filme Redenção (Machine Gun Preacher), do diretor Marc Forster. Lançado em 2011, o filme conta com a atuação incrível de Gerard Butler e é uma verdadeira obra de arte.
Antes de começarmos, alguns avisos importantes:
As ilustrações presentes nesta releitura jurídica foram geradas por inteligência artificial por meio da ferramenta Mídia Mágica do Canva (Magic Media) e ChatGPT, com prompts e curadoria visual cuidadosamente desenvolvidos por mim, especialmente para acompanhar e enriquecer o conteúdo da obra;
Tudo o que você vai ler aqui nasceu das minhas reflexões pessoais como estudante de Direito e amante de obras culturais;
Como abordo e menciono a obra, vou dar spoilers, não tem jeito. Mas não vou contar o final e sempre recomendo muito verem a obra;
Meu lema é Per fabulas, veritas — ou seja: na ficção, a verdade. Acredito que essas obras maravilhosas nos permitem pensar o mundo de forma mais sóbria, mais crítica, e talvez até mais justa;
Portanto, atenção: nada aqui se trata de orientação jurídica. Até porque — ainda não sou advogado. São apenas ideias, pensamentos e aprendizados que surgem das leituras desses livros tão magníficos e das aulas que tenho na universidade.
⚠️Se você estiver passando por uma situação que envolva questões legais, o correto é procurar a orientação de um(a) advogado(a) devidamente inscrito(a) na OAB — a Ordem dos Advogados do Brasil.
Vamos lá...
🌊🏄🎵
Bora surfar no filme
"Redenção"
É importante lembrar que o filme Redenção é baseado em fatos reais. Por mais chocantes que as cenas sejam, lembrar que aquilo aconteceu de fato quebra o coração. Mas também nos enche de esperança. Esse é o poder desse maravilhoso filme.
Ele retrata a figura de Sam Childers, que lutou (e luta) pelos direitos e segurança de crianças abandonadas no Sudão do Sul — um território marcado por conflitos, esquecimento e injustiças.
Mas antes de conhecermos Sam Childers, essa pessoa fascinante e polêmica, é essencial entender o cenário onde ele decidiu agir — não por heroísmo, mas por não suportar mais assistir.
Um cenário onde a dor é cotidiana e o abandono é regra. Um lugar onde o direito não pisa, onde a justiça não alcança e onde o mundo parece ter virado o rosto. Trata-se do Sudão.
📍1. O Sudão antes da separação:
Até 2011, o Sudão era um único país — o maior da África em extensão territorial. Mas internamente, era uma terra dividida por ódio, fé e silêncio.
No norte: o poder concentrado em Cartum, de maioria árabe e muçulmana.
No sul: populações cristãs e animistas, empurradas para a margem, vivendo em comunidades rurais, esquecidas até pela dor alheia.
Essa desigualdade e opressão resultaram em duas guerras civis que devastaram o país. Ao longo de mais de 40 anos, milhões morreram. O mundo sabia — e seguiu em frente.
💥2. O nascimento de um país ferido:
Em 2011, o sul conquista sua independência. Nasce o Sudão do Sul.
Mas não nasce a paz. O novo país já começa atolado em conflitos étnicos internos, pobreza extrema, fome e uma ausência quase total de estrutura estatal. Um país recém-nascido — mas já quebrado.
🔥3. O terror no vácuo do Estado: o LRA
É nesse vazio de paz governamental que cresce o terror. O Lord’s Resistance Army (LRA), liderado por Joseph Kony, instala-se como uma sombra cruel que paira sobre as aldeias.
Kony diz falar com Deus. Afirma querer governar segundo os Dez Mandamentos.
Mas o que faz é: matar. Torturar. Escravizar. Estuprar. Queimar. Meninas de oito anos acorrentadas por dias. Meninos obrigados a matar seus pais para “provar lealdade”. Corpos mutilados. Escolas incendiadas. Igrejas bombardeadas.
Quem resistia, morria. Quem fugia, desaparecia.
O LRA não é um grupo islâmico.
É uma milícia de origem cristã extremista, surgida em Uganda, que cruzou fronteiras e espalhou terror por vários países da região: Sudão, Sudão do Sul, República Centro-Africana e Congo.
Com rituais místicos, uso de drogas e dominação psicológica, Kony sequestrou mais de 60 mil crianças, segundo estimativas da ONU.
👤4. Joseph Kony: procurado… e prestes a ser julgado:
Em 2005, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão internacional contra Joseph Kony por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Ele continua foragido até hoje, escondido em regiões remotas, onde o direito internacional não alcança — protegido por redes locais e pela omissão global.
Mas, em um movimento inédito, o TPI anunciou que julgará Kony mesmo sem sua presença.
📅 A audiência de confirmação de acusações acontecerá em 9 de setembro de 2025, in absentia — ou seja, mesmo que ele não esteja presente.
Segundo o próprio TPI:
“Joseph Kony is still at large.”
(Joseph Kony ainda está solto.)
Você talvez já tenha ouvido falar de Kony… lá em 2012.
Sim, Joseph Kony.
Talvez o nome tenha te soado familiar antes mesmo de começar esta leitura.
Foi em 2012 que ele ganhou os holofotes — não por justiça, mas por uma tentativa global de viralização.
A ONG americana Invisible Children lançou um documentário chamado “Kony 2012”, com um objetivo direto:
“Make Kony Famous”
(Fazer Joseph Kony famoso. Não para glorificá-lo, mas para capturá-lo.)
📽️Deem uma olhada nesse vídeo, é bem ilustrativo. Ele explica as atrocidades cometidas por Kony e pelo LRA, e pedia que o mundo agisse. Deem uma olhada no vídeo, é bem ilustrativo.
Não em silêncio, mas com cartazes, pulseiras, hashtags e esperança.
E o mundo respondeu:
O vídeo teve mais de 100 milhões de visualizações em seis dias.
Celebridades como Oprah, Justin Bieber, Rihanna, Kim Kardashian e George Clooney compartilharam.
Milhares de adolescentes colaram pôsteres e usaram pulseiras vermelhas com o logo “Kony 2012”.
Mas de cara já conto algo triste: Kony, o homem que o mundo tentou fazer famoso para ser encontrado, segue foragido até hoje.
✨É nesse cenário de dor e violência extrema que entra Sam Childers, um homem que decide fazer justiça com as próprias mãos. Diante de tanta dor, ele decide fazer o impensável: lutar.
🔫🔫🔫
✝️Quem é Sam Childers:
Sam Childers, o personagem principal do filme Redenção, é uma figura que rompe classificações simples. Eu o considero uma figura fascinante, tanto o personagem retratado nas telas como o homem na vida real.
Ex-traficante. Ex-motoqueiro violento. Ex-presidiário... tatuado, briguento...
Mas também: pastor. Construtor de orfanato. Protetor de crianças em zonas de guerra.
Um homem que se converteu ao cristianismo nos anos 1990, após uma vida inteira de abusos, drogas e destruição.
E que, em 1998, viajou pela primeira vez para a África em uma missão religiosa.
Seu destino? O sul do Sudão — ainda unificado, ainda em guerra.
O que Sam viu ali mudou tudo.
Vamos então começar a falar do filme Redenção propriamente dito...
O filme Redenção começa com uma cena monstruosa de um pequeno vilarejo no Sudão sendo invadido por membros do LRA. Eles matam os adultos de forma brutal e sequestram as crianças, transformando-as em escravas — e, em seguida, em soldados.
Logo no início, vemos uma dessas crianças sendo obrigada a matar sua própria mãe com um porrete. É tenebroso. É desumano. É real.
E essa mesma criança voltará a aparecer mais adiante — para nos lembrar que o trauma, no filme e na vida, não desaparece com um corte de câmera.
🎬Corte brusco.
Deixamos o Sudão e aterrissamos nos Estados Unidos, mais precisamente na Filadélfia.
Lá conhecemos Sam Childers, interpretado com intensidade pelo grande ator Gerard Butler.
Ele está saindo da cadeia.
Mal saímos com ele do portão e já entendemos: Sam não é flor que se cheire.
Antes mesmo de colocar o pé na rua, ele já manda um dos guardas “tomar naquele lugar”, só porque não devolveu suas roupas com pressa.
Sam é agressivo, impulsivo, caótico. Uma bomba ambulante.
Do lado de fora, quem o espera é sua esposa, Lynn. (uma atuação impecável de Michelle Monaghan).
Eles se abraçam rápido, como se não quisessem parecer vulneráveis.
Mas a tensão entre os dois é palpável, não o romance que se espera de um casal que ficou um bom tempo separado!
Ali mesmo, no meio da estrada, dentro do carro, eles transam — com a brutalidade típica de Sam.
Chegando em casa, Lynn tenta criar algum tipo de recomeço.
Há um banner colorido feito pela filha com letras infantis:
“Bem-vindo de volta, papai!”
Há comida quente. Há sorriso da mãe. Há amor ali.
Mas Sam ignora tudo. Não lê o banner. Não agradece o carinho da filha. Não retribui o sorriso cansado da mãe.
Pelo contrário.
Ele entra como um furacão embriagado de orgulho.
E se volta para Lynn — não com afeto, mas com veneno. E ao descobrir que sua esposa virou religiosa e deixou de fazer strip-tease, o enfurece.
“Vai voltar a dançar ou não?”, ele solta, ríspido.
“Você fazia strip. Era boa nisso. Agora vem com esse papo de igreja?”
Ela tenta responder, com doçura firme, que deixou aquela vida por convicção.
Mas Sam não ouve. Ele grita, intimida, ridiculariza. Não quer uma mulher que mudou. Quer o mundo como deixou quando foi para a cadeia, como se nada tivesse se transformado enquanto ele esteve preso.
Sua mãe tenta defender Lynn ao perceber que seu filho está ficando violento. Batendo em móveis e erguendo a voz. Ele responde à sua mãe um agressivo "cala a boca!"
É realmente uma cena triste e violenta.
Naquela mesma noite, Sam sai para um bar fétido onde encontra seu amigo de infância e maus bocados, Donnie. La mesmo, Donnie oferece heroína pra ele e uma mulher estranha lhe fura as veias enquanto Sam se senta no vaso sanitário.
Vemos um homem destruído e se destruindo ainda mais a cada agulhada.
Alguns dias passam assim, nesse caos, e uma noite, após uso de drogas e em meio a uma crise de raiva e frustração, Sam e Donnie saem armados e completamente descontrolados.
A violência acumulada transborda.
Ao dirigirem pela noite fria, encontram um homem na rua que lhes pede carona. O homem então tenta roubá-los, e Donnie e Sam quase matam o cara, esfaqueando-o múltiplas vezes. É uma cena violenta. Depois de múltiplas facadas, jogam-no na neve suja e fria da calcada e saem cantando pneus.
Nessa noite, Sam chega em casa, drogado, exausto e percebe que suas mãos estão literalmente cobertas de sangue. É nesse momento quando ele vê sua esposa olhando-o, ainda com amor e compaixão. Sam entao pede ajuda. Uma ajuda sincera. E decide, ali mesmo, mudar. Aqui a atuação de Gerard Butler é absolutamente incrível.
No dia seguinte, ele acompanha a esposa até a igreja.
Não por fé. Ainda. Por desespero, talvez.
Mas antes de entrar no carro com sua família para ir ao culto, ele se senta na cama e diz a sua esposa... "Lynn... não tenho bons sapatos". Ele abaixa a cabeça humildemente.
Aqui já vemos uma linda transformação. Aquele briguento, cheio de si, que batia e gritava com qualquer que lhe cruzasse o caminho, agora deixa de lado o orgulho e encontra a humildade.
E é assim que Sam, entre pregações, hinos e mãos erguidas, sente algo.
✋
Pausa no livro!
Hora do olhar jurídico:
🧐
📌Assuntos jurídicos que exploraremos com base no filme Redenção:
🔶Tópico 1: Consequências de um Estado Ausente
🔶Tópico 2: O que o Direito Internacional diz sobre crianças-soldado
🔶Tópico 3: Violência doméstica. Focando em Sam: o que acontece com Lynn e sua filha?
🔶Tópico 4: Onde denunciar abuso doméstico
🔶Tópico 5: Drogas e autodestruição: o vício como sintoma
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Agora que você já conhece os tópicos que vamos abordar, bora mergulhar em cada um deles?
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🔶 Tópico 1: 🔶
Consequências de um Estado Ausente
Um Estado ausente é aquele que falha em sua missão mais básica: proteger a vida e a dignidade das pessoas.
Quando o Estado falha — por negligência, omissão ou pura ausência — o caos ocupa o lugar da lei.
E no caos, surgem milícias, facções, abusadores, justiceiros e tiranos.
⚖️A Teoria do Contrato Social — quando a filosofia encontra o Direito:
Para entender por que o Estado é tão importante (mesmo quando falha), vale olhar para três pensadores fundamentais: Hobbes e Rousseau.
Cada um deles tentou responder à pergunta: Por que o ser humano abre mão de sua liberdade e se submete a um governo?
👹Thomas Hobbes (1588–1679): o Estado como um mal necessário
Hobbes viveu em meio à guerra civil inglesa — e viu de perto o que acontece quando não há Estado.
Sua visão é sombria, mas realista: sem governo, não há justiça. Só violência.
Ele descreveu o estado natural do ser humano como uma guerra de todos contra todos, onde a vida seria:
Foi ele quem comparou o Estado ao Leviatã — um monstro mitológico que impõe ordem pelo medo, concentrando todo o poder para garantir a paz.
Para Hobbes, o Estado não nasce do bem, mas da necessidade de evitar o pior: o caos. Portanto, o Estado é um mal necessário. Um freio à barbárie.
No filme Redenção, o Sudão do Sul vive exatamente esse estado pré-Leviatã: não há autoridade central forte, não há lei — e o resultado é o inferno em terra.
Curiosidade: A frase “o homem é o lobo do próprio homem” (homo homini lupus) é muitas vezes atribuída a Hobbes, mas, na verdade, foi escrita pelo romano Plauto, no século II a.C.
Hobbes apenas retomou essa imagem em suas obras para ilustrar a selvageria da vida sem Estado — e por isso a frase ficou eternamente ligada a ele.
🌿Jean-Jacques Rousseau (1712–1778): o Estado como pacto coletivo
Rousseau dá um passo além: diz que a sociedade só é legítima quando fundada sobre um contrato social que represente a vontade geral — ou seja, o interesse coletivo.
Para ele, o ser humano nasce bom, mas é corrompido pela sociedade.
O papel do Estado, então, é criar um novo pacto baseado na igualdade, na liberdade e na participação de todos.
Assim, o ser humano, que foi corrompido pela sociedade injusta, poderá viver de forma mais autêntica e coletiva — e sua corrupção será, ao menos, contida por regras que ele mesmo ajudou a construir.
Um Estado não pode ser imposto — ele precisa nascer do comum.
No universo de Redenção, a ausência desse pacto é visível: a sociedade se fragmenta, e quem detém armas ou força toma o poder.
E o que importa mesmo…
Não é decorar quem disse o quê.
O que realmente importa é entender que autores como Hobbes e Rousseau viam o Estado como necessário para que a convivência humana fosse possível.
Cada um com sua lente — o medo, a liberdade, a coletividade —, mas todos conscientes de que, sem um pacto, o ser humano corre o risco de se perder em si mesmo.
═══ ⚖️ ═══
No Sudão, esse pacto social jamais existiu. No Brasil, ele existe no papel — mas é seletivo na prática.
O Sudão do Sul é um retrato vivo da ausência total do Leviatã.
Sem Estado efetivo, a lógica da guerra tribal, da fome e das milícias ocupa tudo.
O LRA é o "governo" em algumas regiões. Mas governa com sequestros, estupros e mutilações.
⚖️No Brasil, temos um Leviatã seletivo. A lei se aplica igual para todos?
O Brasil tem um Estado robusto — no papel.
A Constituição de 1988 garante:
Direito à vida (art. 5º),
À segurança, saúde, educação, alimentação (art. 6º),
Ao devido processo legal e à igualdade (arts. 5º, LIV e caput).
Mas em muitas regiões, esses direitos nunca chegam. E o vácuo do Leviatã verde, azul e amarelo é preenchido por:
🔫milicianos que dominam bairros;
🔥facções que controlam favelas;
🚨policiais que executam sem julgamento;
🙏líderes religiosos que impõem medo com promessas de salvação.
📜Leis brasileiras que mostram o dever do Estado:
Art. 6º, CF/88: define os direitos sociais.
Art. 23, II e X: impõe ao Estado o dever de combater pobreza e marginalização.
Art. 144: trata da segurança pública como dever do Estado e direito de todos.
🛑E quanto aos grupos paralelos? Como a legislação brasileira entende isso? Como algo ilícito, simples assim.
Art. 5º, XVII: veda associações de caráter paramilitar.
Art. 288-A do Código Penal: criminaliza grupos como milícias.
Conclusão:
Hobbes nos diria que sem Leviatã, reina a selvageria. No Sudão, isso é literal. No Brasil, isso se esconde atrás da fachada democrática.
Se o Estado falha — por ação ou omissão — ele deixa de ser contrato social e vira contrato de risco.
E é nesse vácuo de Estado que figuras tenebrosas como Kony ou figuras boas e salvadoras como Sam Childers surgem. Ambos não são uma solução jurídica, mas sintomas de um sistema que não cumpre seu papel.
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🔶 Tópico 2: 🔶
O que o Direito Internacional diz sobre crianças-soldado
O uso de crianças em conflitos armados é uma das mais brutais violações dos direitos humanos no mundo contemporâneo.
O Direito Internacional condena essa prática de forma explícita — e o Brasil, como signatário de tratados internacionais e possuidor de legislação protetiva, também tem responsabilidade nesse cenário.
🧒Convenção sobre os Direitos da Criança (1989)
Ratificada pelo Brasil em 1990, essa convenção reconhece que toda criança tem direito à vida, ao desenvolvimento, à proteção e à participação social.
Ela proíbe o uso de crianças em conflitos armados e determina que os Estados devem adotar todas as medidas possíveis para evitar esse tipo de recrutamento.
Nossa Constituição está fortemente alinhada a esses valores de proteção de crianças.
⚖️Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (1998)
O Estatuto de Roma é o tratado que criou o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, na Holanda.
O TPI é responsável por julgar crimes internacionais graves, como genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, quando os tribunais nacionais são omissos ou incapazes de fazê-lo.
Em seu Artigo 8, o Estatuto define que recrutar ou alistar crianças com menos de 15 anos em forças ou grupos armados — ou utilizá-las para participar ativamente das hostilidades — constitui crime de guerra.
🧑⚖️Casos relevantes julgados pelo TPI:
Thomas Lubanga (Congo): Primeiro condenado pelo TPI por recrutar e usar crianças-soldado.
Dominic Ongwen (ex-integrante do LRA): Condenado por crimes contra a humanidade, incluindo o uso sistemático de crianças em conflitos.
E o caso de Joseph Kony?
Líder do LRA, Joseph Kony é acusado de sequestrar mais de 60 mil crianças. Em 2005, o TPI emitiu um mandado de prisão internacional contra ele.
Mesmo nunca tendo sido capturado, Kony será julgado em 9 de setembro de 2025, pelo TPI in absentia — ou seja, mesmo sem estar presente.
Isso é um marco jurídico importante: o tribunal está disposto a julgar mesmo sem o corpo, sem a prisão, porque os crimes são grandes demais para esperar a burocracia do mundo.
“Joseph Kony is still at large.”
(Joseph Kony ainda está solto.) — diz o site oficial do TPI.
🌍E o papel da UNICEF?
A UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) atua globalmente para proteger crianças de conflitos armados. No Sudão do Sul e em outras regiões devastadas, fornece:
Acolhimento psicológico
Ajuda humanitária
Educação de emergência
Reintegração social para ex-crianças-soldado
A organização também monitora violações e pressiona governos por ações concretas de proteção infantil.
E no Brasil?💔
Apesar de o Brasil não enfrentar uma guerra civil oficial, o aliciamento de crianças e adolescentes para tráfico de drogas, exploração sexual, trabalho escravo e garimpo ilegal é uma realidade dolorosa e silenciosa.
Nosso solo não é território de guerra declarada. Mas há infância em trincheiras invisíveis.
Basta olharmos para as crianças que são convencidas a entrarem para o tráfico de drogas, ou sendo mortas na rua enquanto dormem.
Proteger a infância é proteger a própria democracia brasileira. Exemplos de direitos fundamentais protegidos:
🐣Direito à vida – Nenhuma criança pode ser morta ou agredida. O Estado deve protegê-la da violência urbana, doméstica ou institucional.
💉Direito à saúde – Inclui vacinação, SUS, alimentação adequada, saneamento.
🧸Direito à liberdade – De brincar, se expressar, ir e vir (com supervisão adequada).
🌈Direito à dignidade – Ser tratada com respeito. Castigos físicos são proibidos.
✏️Direito à educação – Escola gratuita, com igualdade de oportunidades.
👨👩👧👦Direito à convivência familiar e comunitária – Adoção só como último recurso.
E, ainda assim, como podemos ver, o papel nem sempre vira realidade.
Exemplos reais:
✝️Ágatha Félix, morta aos 8 anos por bala de fuzil em operação policial no RJ.
✝️Bernardo Boldrini, ignorado pelo sistema e morto pelo próprio pai.
✝️Meninos da Candelária, assassinados por policiais enquanto dormiam na rua.
✝️Milhões de crianças negras, indígenas e pobres que ficaram sem escola na pandemia.
O que diz a nossa legislação?
🧒Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
Art. 5º: Nenhuma criança será objeto de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão.
Arts. 60 a 69: Proíbem o trabalho infantil perigoso, insalubre ou que prejudique o desenvolvimento físico, mental e moral.
Art. 244-B: Criminaliza o aliciamento de criança ou adolescente para o tráfico.
🔫Controle de armas e menores
A legislação brasileira proíbe terminantemente o acesso de menores de 18 anos a armas de fogo.
A Polícia Federal regula a posse e o porte — e o descumprimento é crime. Mesmo assim, jovens continuam sendo usados como “soldados” pelo tráfico e milícias.
Quer aprofundar esse tema?
Minha releitura jurídica da música Zombie, da banda The Cranberries, trata justamente da relação entre infância e violência armada — com reflexões sobre trauma, omissão estatal e resistência.
Falo também sobre o Massacre da Candelária, o caso do menino Bernardo Boldrini, e outros crimes horríveis em que o Estado — seja por negligência ou participação direta — ajudou a semear a tragédia.
🧒No Brasil e no mundo, proteger a infância é mais que um dever moral: é uma obrigação jurídica internacional e constitucional.
Quando o Estado falha, a infância sangra.
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🔶 Tópico 3: 🔶
Violência doméstica. Focando em Sam: o que acontece com Lynn e sua filha?
Antes de Sam levantar armas na África, ele destrói tudo ao seu redor nos Estados Unidos. A esposa. A filha. A mãe. A si mesmo.
É importante entender que o filme Redenção não romantiza esse início. Mostra, sem filtros, o ciclo de dor, agressão e vício que antecede a “redenção”.
E é aqui que precisamos pausar — para refletir juridicamente sobre três aspectos centrais desse trecho da história:
Sam não apenas grita com Lynn. Ele a humilha, a ridiculariza, a intimida fisicamente e verbalmente — na frente da filha e da mãe. Isso é violência doméstica.
No Brasil, a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) é clara:
Violência doméstica não é só tapa.
É também ameaça, humilhação, ofensa moral e pressão psicológica.
💡 O que a lei protege?
Mulheres que sofrem violência dentro de casa
Mulheres em relacionamentos afetivos (casadas, namoradas ou separadas)
Mães, filhas, avós — qualquer mulher em situação de vulnerabilidade doméstica
💥Sam grita com Lynn, chama-a de velha, exige que ela volte ao strip-tease, bate nos móveis, fala com agressividade extrema...
Tudo isso, no Brasil, seria passível de medidas protetivas, como:
Afastamento do lar
Proibição de contato
Prisão preventiva, dependendo do grau da ameaça
E a filha pequena: o impacto nas crianças
Não podemos esquecer da filha de Sam e Lynn.
Ela assiste às brigas. Está presente na casa onde o pai grita, xinga e consome drogas.
👧Crianças expostas à violência doméstica são, legalmente, vítimas também.
Segundo o artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA):
“As medidas de proteção à criança e ao adolescente serão aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados, por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; ou em razão de sua conduta.”
💔Ou seja: a menina também está em situação de risco.
Em muitos casos, o Conselho Tutelar deveria ser acionado. Mas… quantas vezes isso acontece? Quantas crianças, como a filha de Sam, crescem em lares instáveis, sem proteção do Estado?
ECA: o Estatuto que garante, mas não alcança:
Criado em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma das legislações mais avançadas do mundo. Ele estabelece:
Proibição de qualquer forma de violência (física, psicológica, institucional);
Acolhimento de menores em situação de risco;
Responsabilização da família, sociedade e Estado;
Garantia de acesso à educação, saúde, lazer e convivência familiar.
A “Lei da Palmada” — ou Lei Menino Bernardo (Lei nº 13.010/2014) — alterou o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para garantir o direito de crianças e adolescentes a serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou tratamentos cruéis e degradantes.
A lei proíbe expressamente qualquer forma de agressão física com o objetivo de disciplinar, punir ou corrigir — e também veda qualquer conduta que humilhe, ameace ou cause sofrimento à criança.
O nome "Lei Menino Bernardo" passou a ser usado em homenagem a Bernardo Uglione Boldrini, o menino de 11 anos que vimos acima que em 2014, foi brutalmente assassinado após denunciar os maus-tratos que sofria em casa — sem que o Estado adotasse medidas protetivas eficazes.
O projeto de lei, que já tramitava no Congresso, foi aprovado pouco tempo depois da morte de Bernardo, com forte comoção pública. Tornou-se um marco simbólico e legislativo da luta contra a violência doméstica praticada sob a justificativa de “educação
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🔶 Tópico 4: 🔶
⚠️🚨⚠️
Onde e como denunciar abusos às mulheres
Se você está sofrendo ou conhece alguém em situação de violência, não se cale. Denunciar salva vidas.
🛑Onde denunciar:
📞Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher (gratuito e 24h, inclusive aos fins de semana). Tempo de atendimento = menos de 1 minuto!
🚨Em casos de emergência, acione a Polícia Militar pelo 190
🏢Registre ocorrência na Delegacia da Mulher mais próxima (ou, em alguns estados, pela internet)
🤝Busque apoio em centros de referência de atendimento à mulher no seu município
🖥️Denuncie online ➡️ diferentes estados tem diferentes plataformas
🩷Denunciar também é um ato de cuidado e justiça.🩷
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🔶 Tópico 5: 🔶
Drogas e autodestruição: o vício como sintoma
Sam, poucas horas após sair da prisão, está novamente mergulhado no submundo das drogas. Heroína, bares sujos, desconhecidos que injetam veneno nas veias de um homem que já perdeu tudo — inclusive a si mesmo.
🧪No Brasil, a Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006) não criminaliza o usuário, mas prevê sanções administrativas, como:
Advertência
Prestação de serviços à comunidade
Comparecimento a cursos educativos
Mas há um abismo entre a lei e a realidade.
Quem é pego com uma pequena quantidade de droga ainda pode ser preso, especialmente se for negro ou pobre. A seletividade penal salta aos olhos.
E mais: a legislação brasileira não trata o vício como um problema de saúde pública, mas sim como caso de polícia.
O que vemos em Sam é a escancarada ausência de política pública de acolhimento após a saída da prisão.
Ele é um homem doente — e ninguém oferece tratamento.
E isso é mais comum do que parece, inclusive no Brasil.
😮💨
Chega de estudar Direito por agora!
Hora de surfar de novo no filme
🌊🏄📽️
✨📽️✨
Voltando ao filme:
Após Sam começar a frequentar a igreja com Lynn e sua filha, ele mergulha de vez na fé.
Assiste a cultos com atenção. Ouve. Aprende. Chora, em silêncio.
Em um desses encontros, um missionário vindo da África sobe ao púlpito. Sua fala é urgente, serena, profunda:
“Venho lhes falar sobre irmãos e irmãs, vivendo do outro lado do planeta, e que precisam desesperadamente da ajuda de vocês.”
Esse discurso atravessa ele como um raio.
Ele já não é mais o mesmo homem de meses atrás. Está sóbrio, centrado — e agora… tocado.
Naquela altura, Sam dirige uma empresa de construção civil. Donnie, seu antigo parceiro de destruição, também está limpo.
Homens transformados — não apenas por palavras, mas por atitudes.
💡Decisão:
Sam resolve ir voluntariar na África — como pedreiro. Seu plano é ajudar a construir casas para comunidades desabrigadas.
As palavras que o missionário africano falou durante a pregação, seguem ecoando em sua mente e Sam sente um chamado para ir la ajudar.
Lynn, a filha Paige e sua mãe o apoiam. Há uma certa hesitação, mas também orgulho.
🌍Chegando à África:
O calor é opressivo. A pobreza é esmagadora.
Mas Sam se conecta com a missão. Vemos, porém, que ele é um pouco diferente dos outros voluntários. Estes estão planejando ir para um bar beber e relaxar. Enquanto isso, ele quer sair daquela área e ir para o coração do Sudão, onde a guerra corre solta.
É nessa altura do filme que conhece Deng (interpretado por Souleymane Sy Savane) — um dos chamados freedom fighters, soldados que resistem aos avanços do LRA.
Deng não é um herói clássico. É exausto, realista, mas firme.
É ele quem leva Sam até a zona mais perigosa do Sudão.
🧨E então, o inferno.
Não há outra palavra:
Crianças mutiladas por minas.
Corpos carbonizados.
Vilarejos inteiros queimados.
Crianças que mataram os próprios pais.
Soldados mirins sem alma nos olhos.
O protagonista desaba.
Mas não chora. O que ele sente vai além das lágrimas.
Em uma cena belíssima, Sam e Deng dividem um quarto pequeno no Sudão.
Deng está falando para Sam o quanto o mundo esqueceu do Sudão. Inclusive diz para Sam:
"Você já veio, tirou sua foto... e agora pode voltar para sua vida normal nos Estados Unidos".
Sam responde um "talvez..."
Mas ele e nós sabemos que não. Sam não pode voltar para sua vida "normal". O que ele viu no Sudão lhe mudou. Para sempre.
De repente, escutam um canto. Mil vozes infantis ecoando da mata.
Deng explica algo assim:
"São os caminhantes noturnos. Eles vem do meio da mata. Os pais os mandam para cá, porque é mais seguro dormir aqui que em suas próprias casas. Porque a morte chega à noite, nas vilas."
Sam tenta colocar todas as crianças dentro daquele pequeno quarto — para que não durmam nas perigosas ruas.
Claro que não cabem todas. Mas ele tenta. E tenta.
🛬De volta aos EUA:
A cena de Sam descendo a escada rolante no aeroporto e reencontrando sua família é poderosa.
Ele carrega o olhar de quem viu o abismo — e não conseguiu desviar o rosto.
🛠️Transformação e missão:
Sam decide fazer duas coisas:
✝️Abrir sua própria igreja:
Chamada 3Cs Church (anteriormente Shekinah Fellowship Church), ela seria um espaço onde qualquer um — não importa o que tenha feito — pudesse encontrar acolhimento.
Um lugar sem julgamento. Só escuta, fé e recomeço.
Nos cultos, Sam não mede palavras. Seu tom é direto, por vezes explosivo:
“O diabo está entre nós. Precisamos lutar!”
Essa intensidade move pessoas. Seus sermões se espalham. E a igreja cresce.
❤️Voltar ao Sudão:
Ele quer erguer um orfanato.
Um abrigo para crianças traumatizadas, perseguidas, esquecidas.
Passa noites desenhando as plantas do projeto.
A filha o observa, encantada. Lynn ajuda com recursos. Donnie organiza doações.
Há uma rede de afeto em torno da ideia.
🛫E assim, Sam embarca de novo rumo ao Sudão.
Dessa vez, não para ajudar uma ONG.
Mas para criar algo que nunca existiu:
Um lar onde antes só havia medo.
E com a ajuda de Deng, Sam pega todos seus recursos e conhecimento e constrói um orfanato. Mas a alegria dura pouco.
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Hora do olhar jurídico:
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📌Assuntos jurídicos que exploraremos com base no filme Redenção:
🔶Tópico 1: Direitos das vítimas em zonas de guerra
🔶Tópico 2: O exemplo de Malala
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Agora que você já conhece os tópicos que vamos abordar, bora mergulhar em cada um deles?
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🔶 Tópico 1: 🔶
Direitos das vítimas em zonas de guerra
📜O que diz o Direito Internacional Humanitário (DIH)?
As Convenções de Genebra (especialmente a IV Convenção, de 1949) e seus Protocolos Adicionais são os pilares do Direito Internacional Humanitário.
Essas normas não se aplicam só depois do conflito — elas existem principalmente para proteger pessoas durante a guerra:
🔹Civis não podem ser alvo de ataques;
🔹Crianças, mulheres grávidas, idosos e doentes têm proteção especial;
🔹Hospitais e escolas devem ser poupados;
🔹O uso de certas armas é proibido (como bombas de fragmentação ou armas químicas);
🔹Crianças não podem ser recrutadas ou usadas como soldados.
Mas o que acontece quando essas regras são ignoradas?
💥O LRA (Lord’s Resistance Army), retratado no filme Redenção, é um exemplo cruel de violação total do DIH.
Eles sequestram, torturam, estupram, obrigam crianças a matarem familiares.
E fazem tudo isso sabendo que o mundo está assistindo — e não está agindo.
⚖️Esses atos configuram crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Em tese, seus autores podem ser processados internacionalmente.
Na prática, a impunidade ainda é a regra.
💔E depois da guerra?
É aqui que o Direito encontra seu desafio mais profundo: reparar o irreparável.
Crianças-soldado não apenas perderam sua infância — elas foram transformadas em armas humanas.
Não basta libertá-las. É preciso oferecer:
Atendimento psicológico profundo;
Acesso à educação e moradia segura;
Reconstrução de vínculos familiares (quando possível);
Políticas públicas de reparação e reintegração.
🧭Princípios de reparação internacional:
A ONU e a Corte Interamericana de Direitos Humanos reconhecem os seguintes eixos de reparação para vítimas de violência sistemática:
Direito à verdade — reconhecer os fatos e nomes dos agressores;
Direito à justiça — responsabilizar criminalmente os autores;
Direito à memória — preservar a história das vítimas para que não se repita;
Direito à indenização — compensação financeira e simbólica.
Esses princípios também estão em sintonia com a nossa Constituição Federal de 1988, que garante, entre seus fundamentos e objetivos:
a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III);
a prevalência dos direitos humanos (art. 4º, II);
e o acesso à justiça e à reparação como expressão do devido processo legal (art. 5º, incisos V, X e XXXV).
A reparação, portanto, não é apenas um gesto ético — é um dever jurídico, reconhecido tanto no plano internacional quanto na ordem constitucional brasileira.
🎬No filme Redenção, vemos isso de perto:
Crianças órfãs, mutiladas emocionalmente;
Comunidades inteiras aterrorizadas por anos de guerra e impunidade;
Sam Childers construindo, à margem do Estado, um orfanato — e um gesto de dignidade.
Mas a luta de Sam não é retratada de forma unânime ou romântica.
Mesmo agindo para proteger crianças, ele enfrenta críticas diretas:
A médica do Médicos Sem Fronteiras o acusa de agravar o conflito, levando ainda mais violência para uma região já devastada;
Um senhor local se recusa a vender terras para o orfanato, dizendo que “essa zona foi abandonada por Deus”;
E nos próprios EUA, muitos o parabenizam em jantares de caridade — mas não movem um dedo para ajudar de verdade.
Esse contraste escancara o abismo entre:
✅ a empatia performática e
❌ a solidariedade real.
Sam se arrisca onde o mundo se cala.
E, gostemos dele ou não, sua existência exige uma resposta do Direito e da sociedade:
Quem deve proteger as vítimas quando o Estado some?
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🔶 Tópico 2: 🔶
O exemplo de Malala
Malala Yousafzai é um símbolo global do impacto devastador da violência armada sobre crianças — e da força de resistência que pode surgir nas condições mais adversas.
Aos 15 anos, foi baleada por um integrante do Talibã por defender o direito das meninas à educação.
Sobreviveu, se tornou Prêmio Nobel da Paz e segue lutando por justiça.
Em breve, publicarei uma releitura jurídico-literária do livro Eu Sou Malala aqui no Artigo Infinito — conectando a história real da jovem paquistanesa aos direitos internacionais da infância, ao papel da educação e ao combate ao extremismo.
👉Fique atento: [link da futura análise de Eu Sou Malala]
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A dor da perda. A força do recomeço.
O orfanato é finalmente construído.
Com tijolos, pregos, suor — mas também com fé, esperança e amor.
É mais do que um prédio: é um símbolo. Um abrigo contra o medo. Um lar onde antes só havia silêncio.
Mas a guerra não perdoa símbolos.
💔🔥Em uma madrugada sombria, os soldados de Joseph Kony atacam.
Incendeiam as casas recem construídas. Disparam contra os trabalhadores do orfanato e as crianças. Espalham o terror.
Algumas pessoas são mortas. O fogo consome paredes, camas, memórias
Tudo desaba.
💥Pela primeira vez, ele entra de vez na guerra.
Pega uma metralhadora. Se junta a Deng e aos outros freedom fighters.
Lutam com tudo que têm para defender as crianças. Eles vencem a batalha. Mas o orfanato está em cinzas.
Sam desmorona.
Não por fora — ele ainda está de pé. Mas por dentro, algo quebrou.
Ele liga para Lynn. Do aeroporto, para voltar aos Estados Unidos e desistir.
Nesse momento, para Sam, a dor pesa mais do que a coragem.
Mas Lynn, do outro lado da linha, não vacila:
“Você vai parar de sentir pena de si mesmo.
Essas crianças precisam de você.
E você não vai abandoná-las.”
🌱Essa fala — firme, amorosa, inegociável — reacende algo em Sam.
Ele respira fundo. Enxuga o rosto. Desliga o telefone. E volta.
Volta ao Sudão. Volta aos escombros. Volta às crianças.
E começa, de novo, a reconstruir.
Tijolo por tijolo.
Porque desistir… nunca foi uma opção real.
Mas manter tudo funcionando exige muito mais do que fé.
Exige dinheiro. E é aí que o desafio muda de forma.
🧳Sam começa a fazer viagens de ida e volta entre os EUA e o Sudão para arrecadar dinheiro e financiar o orfanato.
Vai à sua cidade, visita igrejas, bate em portas de empresários, participa de jantares de caridade.
Mas a resposta que encontra é fria. Indiferente.
Ele fala sobre crianças sequestradas, mutiladas, mortas — e ouve apenas aplausos polidos.
Ninguém ajuda de verdade.
Um comerciante rico, por exemplo, o convida para um almoço chique.
Mesa farta, vinho caro, convidados engravatados.
Sam expõe sua causa. Fala do orfanato. Mostra fotos. Implora por apoio.
O empresário sorri, bate palmas… e lhe dá 140 dólares.
Ele, puto da vida, sai da festa e diz a Lynn:
"140 dólares! Ele gastou mais em guacamole para essa festa estúpida!"
💸Diante da omissão dos outros, Sam começa a vender tudo o que tem:
Vende seu carro;
Vende suas armas;
Corta gastos da família;
A própria filha, Paige, lhe pede dinheiro para a formatura do colégio — e ele recusa, dizendo que há crianças que não têm nem onde dormir.
O idealismo do pastor/guerreiro beira o fanatismo.
Ele está disposto a perder tudo por aquelas crianças. Mas está cada vez mais isolado.
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Hora do olhar jurídico:
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📌Assuntos jurídicos que exploraremos com base no filme Redenção:
🔶Tópico 1: Financiamento de ONGs no Brasil: Como Funciona?
🔶Tópico 2: O exemplo de Malala
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Agora que você já conhece o tópicos que vamos abordar, bora mergulhar em cada um deles?
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🔶 Tópico 1: 🔶
Financiamento de ONGs no Brasil: Como Funciona?
Muitas vezes, quando falamos de projetos sociais, a primeira pergunta que vem é:
“E quem paga por isso?”
ONGs — como o orfanato que Sam tenta manter no Sudão — enfrentam enormes desafios para se manter financeiramente.
No Brasil, a história não é diferente.
Vamos entender os mecanismos legais que permitem (ou dificultam) o financiamento de organizações sem fins lucrativos.
🧩O que é uma ONG?
ONGs são Organizações Não Governamentais, ou seja:
→ instituições da sociedade civil que prestam serviços de interesse público, sem fins lucrativos.
Podem atuar em diversas áreas:
🧒infância e juventude,
🌱meio ambiente,
🎓educação,
💜assistência social,
⚖️direitos humanos...
📜Tipos de reconhecimento legal:
Para existir formalmente, uma ONG precisa ter uma base jurídica. No Brasil, as mais comuns são:
Associação Civil (forma mais usual de ONG);
Fundação Privada (com patrimônio vinculado a um fim);
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) – criada pela Lei nº 9.790/1999;
Organizações da Sociedade Civil (OSCs) – definidas pela Lei nº 13.019/2014, conhecida como o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC).
🔍Essa última lei trouxe mais transparência e regras claras para parcerias entre o Estado e entidades da sociedade civil.
🏛️Parcerias com o Poder Público:
ONGs podem receber recursos públicos, sim!
Mas há critérios claros:
🔹Chamamento público – as OSCs devem participar de editais (concursos de projetos);
🔹Termos de colaboração ou de fomento – instrumentos legais assinados com União, Estados ou Municípios;
🔹Prestação de contas obrigatória – sob pena de suspensão ou devolução dos recursos.
Esses convênios ajudam a ampliar políticas públicas com a atuação das ONGs.
Mas é um processo burocrático, técnico e competitivo — e muitas organizações menores ficam de fora.
💸E o financiamento privado?
ONGs também podem receber:
Doações de pessoas físicas;
Apoio de empresas (responsabilidade social corporativa);
Fundos internacionais;
Editais de fundações nacionais e estrangeiras (ex: Fundação Ford, Open Society, etc).
Mas há desafios:
🙄No Brasil, falta cultura de doação.
Poucos incentivos fiscais, pouca divulgação, e até preconceito com a ideia de “terceirizar” causas sociais.
Muitos projetos vivem na corda bamba, dependendo da boa vontade de alguns poucos apoiadores.
E se a ONG não tiver ajuda?
Ela pode sobreviver com muito esforço — como Sam fez no filme:
→ vendendo bens próprios,
→ cortando gastos pessoais,
→ buscando pequenos apoios.
Mas isso cobra um preço: cansaço, frustração e esgotamento emocional.
É o que muitos ativistas brasileiros também sentem diariamente.
🧭E o que a Constituição diz?
A Constituição Federal de 1988 estimula a atuação da sociedade civil, especialmente nos artigos:
Art. 1º, parágrafo único: todo poder emana do povo;
Art. 5º, XVIII a XXI: direito de associação e livre organização;
Art. 6º e 227: garantem direitos sociais e o dever de proteção às crianças e adolescentes;
Art. 204, II: prevê a participação de entidades beneficentes e organizações civis na política de assistência social.
✊A lógica é clara:
A sociedade pode — e deve — participar da transformação social, ao lado (ou apesar) do Estado.
🧰Mas como isso acontece, na prática?
Seja por meio de editais públicos, termos de colaboração, convênios ou projetos sociais, existem mecanismos legais para financiar e estruturar o trabalho das ONGs no Brasil.
E, para quem quiser entender melhor essas ferramentas e saber por onde começar, reunimos aqui uma 📦 caixinha de referências legais e materiais oficiais:
📦Referências Legais e Manuais Oficiais
📘Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC)
Lei nº 13.019/2014
🔗 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2014/lei/l13019.htm
📘Lei das OSCIPs
Lei nº 9.790/1999
🔗 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9790.htm
📘Constituição Federal de 1988
Artigos 1º, 5º, 6º, 204 e 227
🔗 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
📘Guia de Parcerias com Organizações da Sociedade Civil (MROSC) – elaborado pela Secretaria-Geral da Presidência da República
🔗 https://www.gov.br/secretariageral/pt-br/noticias/2020/junho/governo-lanca-guia-para-parcerias-com-organizacoes-da-sociedade-civil
📘Portal das OSCs no Brasil – Plataforma MROSC
Inclui editais, cartilhas, legislação e relatórios
🔗 https://plataformaosc.gov.br/
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🛐Fé, guerra e desespero: quando o altar vira trincheira
À medida que Sam se envolve cada vez mais com o Sudão e com as crianças que tenta proteger, algo também muda dentro dele.
Seus sermões já não são suaves.
Não são orações tranquilas, nem reflexões calmas sobre a fé.
Ele começa a gritar. A bater no púlpito. A falar palavrões entre os versículos.
🔥“Eu preciso de guerreiros!”, ele berra, com os olhos marejados.
E não está falando só de guerreiros espirituais.
Está falando de gente disposta a lutar de verdade.
Sua igreja, a Shekinah Fellowship Church (agora 3Cs Church), vira quase um campo de treinamento emocional.
É onde ele desabafa, conclama, convoca.
Essa mudança assusta alguns e encanta outros.
O que vemos ali não é apenas um pastor. É um homem ferido — tentando salvar o mundo do mesmo abismo que viu de perto no Sudão.
Ele está disposto a tudo.
Mesmo que, aos poucos, vá perdendo partes de si.
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Hora do olhar jurídico:
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📌Assuntos jurídicos que exploraremos com base no filme Redenção:
🔶Tópico 1: Autotutela (fazer justiça com as próprias mãos)
🔶Tópico 2: Porte de Armas
🔶Tópico 3: Onde denunciar abusos de direitos humanos
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Agora que você já conhece o tópicos que vamos abordar, bora mergulhar em cada um deles?
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🔶 Tópico 1: 🔶
Autotutela (fazer justiça com as próprias mãos)
Quando a justiça falha, é permitido fazer justiça com as próprias mãos?
No filme Redenção, há um ponto de virada marcante:
Sam, que até então era um pastor com palavras fortes, pega uma metralhadora e parte para a guerra ao lado dos combatentes locais. Ele se torna protetor armado de um orfanato ameaçado.
❓Mas... e se isso fosse no Brasil? Seria legalmente permitido que um civil reagisse assim?
Vamos entender.
Autotutela: o que é?
Autotutela (ou justiça pelas próprias mãos) é quando alguém tenta resolver um conflito sem recorrer ao Estado, usando da própria força ou ameaça para “fazer justiça”.
👎No Brasil, autotutela é, via de regra, proibida.
⚖️ Isso porque o ordenamento jurídico brasileiro adota o princípio do monopólio da força pelo Estado — ou seja, só autoridades públicas (como polícia ou forças armadas) podem usar a força para aplicar a lei.
📕Código Penal – Art. 345:
“Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite.”
➡️Pena: detenção de 15 dias a 1 mês, ou multa.
👉 Ou seja, nem mesmo uma “boa causa” justifica a vingança ou a justiça particular.
Há, porém, exceções legais.
🛡️Exceção: Legítima Defesa
O próprio Código Penal (art. 25) permite a reação proporcional e imediata para se proteger de uma agressão injusta e atual:
“Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.”
🔫No caso do filme, Sam estaria defendendo outras pessoas (crianças, trabalhadores), durante um ataque armado real?
Realmente não sei. Acho que no Brasil, as ações de Sam seriam consideradas ilícitas. Mas isso dependeria do juiz, provas, e de como os fatos seriam narrados e analisados.
Mas vale a reflexão... o que Sam faz é correto?
Eu acredito que em um lugar onde o Estado é tão ausente como o Sudão (muito mais ausente que no Brasil) não é correto, porém necessário.
No Brasil, entretanto, temos um Estado com todos os mecanismos e ferramentas possíveis para ajudar a nossa população. Só faltam governantes com mais empatia e menos corrupção na alma.
══ ⚖️ ══
🔶 Tópico 2: 🔶
Porte de Armas
No filme Redenção, temos dois exemplos interessantes sobre o tema armamento:
os EUA, onde o porte de Arma é bastante facilitado por condições presentes na própria Constituição americana:
A well regulated Militia, being necessary to the security of a free State, the right of the people to keep and bear Arms, shall not be infringed.
(Uma milícia bem regulamentada, sendo necessária à segurança de um Estado livre, o direito do povo de possuir e portar armas não deverá ser infringido.) - tradução livre.
o Sudão (unificado no momento em que o filme se passa e atualmente dividido em Sudão do Norte e Sul), onde o Estado é inexistente. Quem vai fiscalizar o porte de armas lá?
Mas no Brasil é diferente. Aqui temos uma legislação forte em relação ao porte e posse de armas e ela é controlada pela Polícia Federal.
⚖️O tema das armas de fogo para a população civil é regulamentado pela Lei nº 10.826/2003, conhecida como Estatuto do Desarmamento.
Essa lei estabelece regras rigorosas para a posse e o porte de armas de fogo de cidadãos civis.
Vale lembrar que o porte é a autorização para andar armado fora de casa, enquanto a posse é o direito de ter a arma dentro de casa ou no local de trabalho.
═══ ⚖️ ═══
Quem pode andar armado no Brasil?
Apenas pessoas autorizadas pela Polícia Federal ou pelas Forças Armadas podem portar armas.
Para policiais, guardas e outros profissionais da segurança pública, cabe ao Legislativo juntamente com a Policia Federal determinar essas normas.
═══ ⚖️ ═══
Quais os critérios legais para obter o porte?
Para conseguir o porte de arma de fogo, a pessoa deve:
Ter idade mínima de 25 anos;
Comprovar a necessidade efetiva (ex: risco à vida, profissão de risco);
Apresentar comprovação de idoneidade (nada na ficha criminal);
Ter ocupação lícita e residência certa;
Passar por avaliação psicológica e teste de aptidão técnica para o manuseio da arma;
Estar em dia com a documentação e taxas exigidas pela Polícia Federal.
Ou seja, não é fácil nem comum obter o porte legalmente. Ele é restrito e a maioria das pessoas não tem autorização para andar armado.
═══ ⚖️ ═══
O que caracteriza porte ilegal de arma de fogo
Andar armado sem autorização legal configura porte ilegal de arma, crime previsto no art. 14 do Estatuto do Desarmamento:
Art. 14 – Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena: reclusão de 2 a 4 anos e multa. Se a arma for de uso restrito (como armas de uso militar), a pena aumenta bastante.
══ ⚖️ ══
🔶 Tópico 3: 🔶
⚠️🚨⚠️
Como e onde denunciar abusos de direitos humanos
"Uma milícia bem regulamentada, sendo necessária à segurança de um Estado livre, o direito do povo de possuir e portar armas não deverá ser infringido."
Nem todo mundo vive em uma zona de guerra como o Sudão retratado no filme Redenção, mas a dor, o abandono e a violência existem também aqui — bem perto. E muitas vezes em silêncio.
Se você presenciar ou souber de casos de violência doméstica, abuso infantil, exploração sexual ou qualquer forma de violação de direitos, não se cale.
📞Ligue 100
Disque Direitos Humanos – atendimento gratuito e anônimo. Funciona 24 horas por dia, inclusive fins de semana e feriados.
Ligue 180
Central de Atendimento à Mulher – para denúncias de violência doméstica, sexual ou psicológica contra mulheres. Também funciona 24h, de forma anônima.
👮♂️Delegacias de Polícia
Qualquer delegacia pode receber denúncias, mas há unidades especializadas como:
Delegacia da Mulher (DEAM)
Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA)
👨👩⚖️ Conselho Tutelar
Responsável por zelar pelos direitos de crianças e adolescentes.
Procure o mais próximo da sua região.
📧 Ministério Público / Defensoria Pública
Muitas denúncias podem ser feitas por e-mail ou nos sites dos MPs estaduais e da Defensoria Pública. Você pode acompanhar o andamento e, em alguns casos, receber orientação gratuita.
🌐 Plataformas Online
www.disquedenuncia.org.br
www.mdh.gov.br
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🎬Cenas finais: o buraco, a dor… e a decisão de amar
Num dos momentos mais impactantes de Redenção, Sam descobre um buraco gigante na terra.
Ali dentro, cerca de 60 crianças se escondem — sujas, famintas, assustadas — tentando escapar dos soldados de Joseph Kony.
Sam tem uma caminhonete. A falta de financiamento não permite que compre mais carros.
E um coração em pedaços.
🛻Ele tenta colocar o maior número possível de crianças no carro.
Corre de volta ao orfanato e deixa todas que conseguiu colocar no carro. Depois volta às pressas para buscar as outras.
Mas quando retorna…
🕳️O buraco está vazio. Ou pior: está cheio de corpos. Uma fumaça espessa denuncia que o fogo foi ateado ali… é tenebroso.
As crianças foram mortas. Sam desaba.
Algo quebra — de vez.
O orfanato, antes símbolo de cuidado, começa a se transformar num lugar sombrio.
Sam se isola e os soldados passam a desconfiar de suas decisões.
Deng, seu amigo e aliado desde o início, o confronta:
🗣️“Você está deixando a raiva tomar conta. Está esquecendo o porquê de tudo isso.”
E é aí que acontece uma das cenas mais emocionantes do filme.
Aquela primeira criança que vimos no início — a que foi forçada a matar a própria mãe com um porrete — agora vive no orfanato de Sam.
O menino entra silenciosamente no quarto do americano, e com o rosto marcado por cicatrizes e dor, diz:
“Se deixarmos o ódio vencer, eles já ganharam.
O amor é o que nos resta.”
Sam escuta. E entende. Realmente entende a sua missão na terra.
💔Nem todas as crianças serão salvas.
💔Nem todos os vilões serão punidos.
💔Nem todos os dias trarão vitória.
Mas se o amor se perder, então a guerra já foi vencida — do lado errado.
🕊️Sam decide continuar.
Com dor. Com perdas. Com dúvidas. Mas também com fé — naquelas crianças que ainda podem ser protegidas. E na força que uma única vida salva pode ter.
🎞️Redenção não é apenas um filme. É uma obra de arte que leva às lagrimas. Não vou me estender aqui mas fortemente recomendo que assistam. Essa história nos lembra do horror que é o mundo mas que há guerreiros dispostos a lutar pela defesa dos indefesos.
O filme está atualmente disponível na Amazon Prime.
⚖️Tópicos jurídicos abordados na releitura do filme Redenção:
Ausência ou falência do Estado
Comparação entre Estado de natureza (Hobbes) e Estado democrático
Inexistência de políticas públicas no Sudão do Sul
Papel do Estado brasileiro na garantia de direitos fundamentais
A omissão estatal como forma de violência estrutural
Crianças-soldado e direito à infância
Alistamento forçado como crime internacional
Protocolo da ONU sobre crianças em conflitos armados
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
Doutrina da proteção integral
Direitos fundamentais: vida, saúde, educação e dignidade
Caso Malala como símbolo da luta pela educação
Crimes de guerra e crimes contra a humanidade
Ações do LRA (Lord’s Resistance Army) como grupo terrorista
Tortura, genocídio, desaparecimento forçado
Estatuto de Roma e atuação da Corte Penal Internacional (CPI)
Brasil como signatário do tratado
Violência doméstica e familiar
Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006)
Violência física, moral, psicológica e patrimonial
Ciclo da violência e seus impactos nas crianças
Dever do Estado de prevenir, proteger e punir
Drogas, vício e direito à saúde
Dependência química como questão de saúde pública
Direito ao tratamento digno e à recuperação
Papel das instituições públicas e ONGs no acolhimento
Falta de políticas sociais no Brasil e nos EUA
Direitos das vítimas de Guerra
Direito à moradia, saúde, segurança e educação
Refugiados, órfãos e vítimas de conflitos armados
Atendimento internacional e ações humanitárias
Dignidade como cláusula pétrea no Brasil
Autotutela
Porte/posse de armas
Justiça pelas próprias mãos
Discussão ética sobre o uso da violência para proteger inocentes
Estatuto do Desarmamento e limites legais no Brasil
Quando o cidadão toma para si a função do Estado
Conflito entre valores religiosos e prática armada
ONGs, financiamento e legalidade
Requisitos para funcionamento legal de uma ONG no Brasil
Prestação de contas, transparência e finalidade social
Doações internacionais e compliance jurídico
ONG religiosa x Estado laico — tensões e dilemas
Liberdade religiosa e discurso messiânico
Liberdade de crença (CF/88)
Proselitismo, conversão e fronteiras entre fé e intervenção
Discurso de salvação associado ao uso de armas
Ética cristã, culpa e expiação
Reintegração familiar e acolhimento institucional
Acolhimento institucional de crianças vítimas de guerra
Reintegração familiar como prioridade legal (quando possível)
Medidas protetivas e atuação do Conselho Tutelar
Direito à convivência familiar e comunitária
Canais de denúncia e direitos no Brasil
Disque 100 – Violação de Direitos Humanos
Disque 180 – Violência contra a mulher
Conselhos Tutelares e Delegacias da Mulher
Ministério Público e Defensoria Pública
Comparativo: no Brasil existem ferramentas que o Sudão do Sul não tem
🥵😮💨
Chega de Direito.
👇
Agora vão assistir Redenção porque é incrível!
The end
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